Não estamos preparados para
a morte. Sabemos que é a única certeza da vida, porém na pratica achamos que
somos imortais, vivemos como se houvesse sempre mais um dia e deixamos
para amanhã o que podíamos ter feito hoje, o amor que podíamos ter dado ao
próximo, a ligação que podíamos ter feito para as pessoas que amamos e perdemos
o contato na rotina do dia-a-dia, ver e conversar com os amigos, dar um abraço
apertado, aquele ‘eu te amo’ que ficou na ponta da língua...
Eu nunca tinha me deparado com a
morte desta forma, repentina, prematura e assustadora. Já tinha perdido avô e
bisas... Apesar de terem sido momentos muito tristes e difíceis, principalmente
a do meu avô porque foi um susto para todos, de alguma maneira era algo que nos
preparamos para enfrentar, ver os mais velhos partirem antes de nós. Ano
passado vi duas pessoas jovens e amigas perderem a vida de forma prematura em
diferentes situações, foi a morte antecipada chamando a minha atenção aos
pouquinhos. Este ano, quando seu pai e seu tio Caio nos deixaram foi inesperado, eu não estava
preparada, demorou para me acostumar com a ideia de que pessoas jovens com eu
também morrem. A morte não é nada previsível.
Você já irá nascer sabendo
o que é a morte e que ela é realmente imprevisível. Você vai nascer sem a
presença física do seu pai mas o terá como anjo da guarda. As vezes penso que é
uma tristeza seu pai não poder estar aqui para viver algumas coisas com você,
ele iria babar tanto, mas logo lembro que ele as estará vivendo de forma ainda
mais intensa onde ele estiver. Tentarei passar para você a naturalidade da vida
e da morte, quando nascemos damos a primeira inspiração (bem vindo à vida) e
quando morremos damos a ultima expiração, soltando o ar, deixando a vida.
Eu espero que ao te ensinar
tudo isso eu também aprenda. Gostaria de dar o exemplo para você, não quero ser
daquelas mães que falam muito mas agem bastante diferente. Acho que quando eu
superar tudo isto, já poderei lhe ensinar pelo menos o que é força.
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